quarta-feira, 13 de maio de 2009

Você vai me cegar, e eu vou consentir


Eu vou te seguir aonde quer que você vá.
Eu vou te servir: vou me curvar.
Eu vou resistir, mas vou me acostumar.
Vou te agredir, vou te adorar, vou te sorrir.
Vou me enfeitar e vou te seduzir, te possuir, te enfernizar.
Vou te trair e vou te beijar.
Eu vou te cegar, e você vai consentir.
Eu vou conseguir, enfim, te apunhalar - vou te velar, chorar,
te cobrir e te ninar.

Chico Buarque Adaptado

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sobre a tecnologia e seus malefícios

Encontramo-nos hoje numa era tecnológica, maquinária, computadorizada. Há, em detrimento dos valores humanos, uma supervalorização da praticidade: apertam-se botões que trazem o instantâneo. Rápido, prático, fácil. A máquina substituiu o homem? Está substituindo, sim, e tornando-o também máquina. Contudo, inversamente à praticidade da vida contemporânea, a maquinização do homem não ocorreu ao apertar de um botão: foi ela resultado de todo um processo histórico que, pode-se dizer, iniciou-se com a Revolução Industrial.
Iniciada nos meados do século XVIII, a Revolução Industrial teve sua eclosão no século XIX: a crescente burguesia, ávida por maiores lucros, implantou, com a ajuda do avanço científico da época, maquinários a vapor que drasticamente revolucionaram o modo de produzir. Eis que, com tal revolução nos âmbitos científico e econômico, afetou-se também, obviamente, a estruturação da sociedade: a ganância dos capitalistas fez com que homens, mulheres e crianças fossem explorados, sendo assim sua força de trabalho apropriada e suas necessidades humanas expropriadas.
A partir daí, ao contrário do que seria sensato, a humanidade caminhou para uma desenfreada evolução tecnológica, contrapondo-se à involução humanitária: à medida que a desigualdade social triplicava, nasciam novas formas de tecnologia: computadores e "brinquedos" tecnológicos cada vez mais elaborados contrastavam com a pobreza que parecia mais acirrada a cada dia.
Entretanto, historicamente é necessário que se reconheça um relativo avanço dos direitos humanos na contemporaneidade se comparados àqueles da era industrial. Teoricamente, não se pode mais explorar mulheres e crianças. A jornada máxima de trabalho é de 8 horas por dia. Os trabalhadores têm direitos trabalhistas e têm o direito de lutar por eles. Ou seja, apesar da "ditadura" neoliberal sob a qual a humanidade está posta atualmente, há, pelo menos na teoria, a preocupação, ainda que mínima, com os valores básicos humanos.
Agora notavelmente faz-se necessário, uma vez que o primeiro passo foi dado, seguir adiante. O avanço tecnológico é irreversível? Sim. No entanto, pode-se pôr ao lado dele o também avanço e valorização das questões humanas: uma vez sendo humanos, jamais poderemos deixar de sê-lo.

POST NOTE: Ô, povo, isso foi uma redação colegial. Descontar por favor as primárias alusões histórias, ok?