domingo, 29 de novembro de 2009

Egoísmo X Individualismo

"Todo mundo é egoísta" - Óbvio. Até porque quem não for egoísta não sobrevive: egoísmo é instinto. É preocupação consigo mesmo, com sua sobrevivência, com sua vida e com seu prazer. É claro que, acima de todos, está o "eu".

"Todo mundo é individualista, então?" - Êpa, amiguinho. Espere aí. Enquanto o egoísmo aponta para o instintivo, para o natural, o individualismo por sua vez se refere ao indivíduo na sociedade. É possível ser egoísta e não ser individualista. É possivel se pôr acima de todas as coisas, instintivamente, e preocupar-se com o próximo, sociologicamente. Tanto é possível que há exemplos aí para se dar e vender. Ao mesmo tempo, também não é impossível ser as duas coisas ao mesmo tempo: egoísta e individualista. Primeiro, porque o egoísmo já nasce com você. Já o segundo, bom... É só você ser imbecil o suficiente. ;)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

All The Lost Children

..............................................................Foto: http://i.olhares.com

Andava sob o sol forte das dez da manhã tentando acompanhar os passos largos de seu pai, que parecia a cada segundo mais distante. Apesar da dor, seus olhos amendoados brilhavam. Todos os seus anseios pareciam, momentaneamente, afogados por um pedaço de pão com manteiga e um pequeno copo de suco.
Tentava pôr a mão junto à de seu pai e tentar explicar-lhe a dor nos pés, pois não conseguia mais caminhar descalço sobre o chão quente. Mas a reação daquele homem, tão grande e de pernas tão largas, era sempre a mesma: continuar andando. E o menino, pequeno, sentia-se limitado por não saber falar. A saída que encontrava era continuar comendo, para que pelo menos por mais alguns minutos seus olhos pudessem brilhar.
Entretido pela fome, esqueceu-se da ardência nos pés e pôs-se a seguir o ritmo de seu pai, mesmo que, para ele, aquilo fosse impossível.
Com seus cabelos grandes borrando sua visão, as mãos ocupadas e os pés a arrastar no chão, permitiu-se fazer parte daquela metrópole insana e daquele calor que o tomava por dentro, mesmo sem ter consciência alguma.
À medida que caminhava, foi sumindo, magro, pela avenida, tornando-se cada vez mais pequeno e chegando, em um certo momento, a tornar-se um menino invisível.