sexta-feira, 30 de abril de 2010

Câmbio, desligo

Faz tempo que deixei de postar como eu costumava. Não é a inspiração que me falta - ela me falta, sim, mas não é só isso: ando mudada. Não à toa, acompanhando os meus impulsos mais inconscientes, resolvi me mudar geograficamente. E eis que a coisa funcionou de forma inversa, pois em meio a tantas adversidades estou aprendendo a me reencontrar.
O processo é lento e difícil. O lugar não ajuda: eu não queria estar aqui, mas é necessário. Me sinto presa numa ilha, não deserta, mas cheia de pessoas e situações às quais não estou acostumada - muitas das quais temo, abomino. É interessante, quase antropológico. Como soltar seus piores medos todos de uma vez e, obedecendo ao ditado, matar um por dia. Me sinto cada vez mais fora dos padrões, mas de um jeito bom. Sabe como é, sempre tive aversão a esses modelos pré-fabricados.
O problema é estar sozinha. Porque apesar de estar acompanhada, estou sozinha. É difícil ser diferente de tudo o que há por aqui, e mais difícil ainda é não se deixar influenciar pelos outros.
Por enquanto, entretanto, a missão vem sendo cumprida com sucesso. Umas crises ali, outras acolá; choro às vezes, e com freqüência meu peito se estreita de saudade. Paradoxalmente, é a saudade que me alimenta e que, mesmo a passos curtos, me faz continuar caminhando.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

condições anormais de temperatura e pressão

Enxugar as lágrimas, não
Deixá-las secar à temperatura ambiente - condições normais de pressão.
Retê-las enquanto possível - ou deixá-las saírem, escuras, e repousar sobre minhas bochechas róseas.

Mas as cores não importam. Não importa a visão - importa o tato.
Apenas o peso das mãos - a pressão - e o fim do pulsar do estômago, afogado em soluços.