
Como a entrevista é grande e eu não tenho tempo, disponibilidade física nem cara-de-pau pra fazer um copy-past por aqui, vou citar alguns dizeres que me chamaram atenção e me despertaram esperança.
Quanto à mudança através do povo, daqueles que não possuem nenhum título de poder, Moacir afirma: "Os partidos não são os únicos canais de participação política. Há outras formas de fazer política, portanto, de operar mudanças. Não se pode utilizar a mesma lógica e os mesmos métodos utilizados pelo capitalismo para tentar superá-lo. Compartilho com a idéia de John Holloway, autor do livro Como Mudar o Mundo sem Tomar o Poder, de que o mundo não será transformado pelos poderosos que criam pessoas despossuidas de poder, mas pelas pessoas comuns como nós."
Fazendo-se uma análise rápida dos valores contemporâneos, não se tem um resultado muito otimista: egoísmo, individualismo, ganância, pessimismo, inconseqüência. Logo, se afirma-se que a mudança se dará através da pessoas, fazer-se-á necessária também uma mudança de valores:
"Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas. (...) São processos interligados. Mudar o mundo depende de todos nós: é preciso que cada um tome consciência e se organize. (...) Os fóruns colocaram o povo, a multidão, como grande sujeito. Só o povo organizado pode fazer história. Os movimentos sociais contemporâneos não querem ficar na platéia, na arquibancada. A sociedade civil não pode ficar assistindo; tem que ser protagonista desse 'outro mundo possível'."
Responsabilidade social e solidariedade abordadas pelo educador: "O mercado existiu bem antes do capitalismo e, possivelmente, continuará existindo depois dele. (...) O mercado não é um ser imutável. O mercado pode ser regido por uma outra lógica. Pode, sim, existir uma economia solidária. (...) Ele [o mercado] foi inventado pelos homens e tudo o que foi inventado por eles, por eles pode ser re-inventado."
"Um país que precisa de um Estatuto da Criança para respeitar a criança tem alguma coisa errada no seu processo civilizatório".
"A solidariedade nada tem a ver com piedade. Não se trata de dar uma esmola para alguém para aliviar nossa consciência. (...) A solidariedade implica não apenas em sentir o outro, mas compartilhar nossa vida, nossos sonhos, com o outro. Por isso a solidariedade precisa ser 'emancipatória'".
Basta apenas sair às ruas para dar-se conta da enorme diversidade comportada pelo mundo. Sendo assim, não faz-se possível a definição de mundo por apenas uma teoria, por um dogma: "Não há uma teoria única que possa explicar a complexidade do mundo atual e orientar a vida de uma comunidade tão diversa. Sempre existe mais de um ponto de vista que responde à mesma questão. É cegueira ideológica e sectarismo enxergar apenas uma teoria. (...) O partido único e o monolitismo ideológico conduzem necessariamente ao fracasso político. A diversidade é a característica fundamental da humanidade. Por isso, não pode haver um único modo de produzir e de reproduzir nossa existência no planeta. (...) Diante da diversidade humana abre-se a possibilidade da diversidade de mundos possíveis".
Respondendo à última pergunta O que é educar para um outro mundo possível?, Gadotti finaliza: "Os paradigmas clássicos estão levando o planeta ao esgotamento de seus recursos naturais. A crise atual é uma crise de paradigmas civilizatórios. Educar para outros mundos possíveis supõe um novo paradigma, um paradigma holístico".
2 comentários:
muito bom, de acordo!!
aprovado!
admito que não li todo, mas é porque tô com soluço.
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