domingo, 28 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Parati Para Mim
"Essa cidade morreu. A gente de fora, a gente veio e transformou tudo num shopping. Museu aberto e shopping. Quando eu cheguei aqui as pessoas abriam as portas de casa, botavam as mesas pra fora. Viviam as suas vidas sem essa humilhação. Hoje, foram expulsas pela grana. Viraram garçons, atendentes, vendem merda pra gringo comer, artesanato pra gringo levar. Os turistas engordando e cagando a cidade. As casas pintadas agora, mas perderam a alma. Sempre a porra da grana fodendo com tudo"
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Noite De Natal
Perguntava-se se valia a pena ser boa com um mundo que a tinha maltratado tantas vezes. Durante todo um ano, apanhara. Como se houvesse alguma força superior insistindo em pôr seu punho contra ela, fazendo-a sentir na pele as mais diversas dores, os mais diferenciados incômodos.
Questionava-se: algum dia isso havia de passar?
Deitada numa cama imensa, trancada num quarto escuro, ouvindo os ruídos de um ventilador velho e empurrando goela abaixo a cerveja já quente, ela desmoronava. Chorava, mas não sentia pena de si mesma. Apenas raiva. Raiva de tudo. Do mundo, do Deus, dos humanos.
Desabava sobre si mesma, e apesar de mundana, aquela raiva que sentia a alimentava.
Sentiu-se sem vida por uns instantes, mas era apenas sono. Adormeceu.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
I Used To
And I was the sand
He stole my heart
Like a thief in the night
Dulled my senses
And blurred my sight
And I used to love him...
But now I don't
I used to
Love him
Now I don't.
I chose the road
Of passion and pain
Sacrificed too much,
And waited in vain...
I used to
Love him
But now, I don't"
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Sempre
"Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua, vou chorar
E a cada volta tua, apagar
O que essa tua ausência me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
Na espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida"
.
Por Toda A Minha Vida
Hei de esquecer, aos poucos, como numa tortura dolorosa, todos os apelidos carinhosos que me dera, hei de esquecer o jeito que nossas mãos se tocavam, o jeito que nossos olhares se encontravam
Você devagar há de sumir, há de sumir, provavelmente não voltará; se Deus quiser, não voltará, todas as lembraças ficarão no passado, que é o lugar onde devem permanecer, o lugar que lhes pertence;
Não mais hei de chorar, hei de esquecer, como numa lenta cirurgia de esquecimento, de como tirar você de mim, como numa terapia, vou esquecer, devo esquecer
Pode ser que a saudade não desapareça, creio que jamais desaparecerá, mas toda a vontade de você, toda a vontade de te ver, de te ter, todas as nossas lembraças vão desaparecer, têm de desaparecer, vão desaparecer, assim como você uma vez o fez.
O Eterno Retorno
Homens, mulheres e crianças tornaram-se inferiores aos animais mais inferiores. Desanimados e desiludidos, os cães abandonaram os donos decaídos. Encorajados pela pesarosa condição dos antigos senhores do mundo, os coelhos caíram sobre eles.
Livros, pinturas e música desapareceram da Terra e os seres humanos ficaram sem fazer nada, olhando no vazio. Anos e anos se passaram.
Os poucos sobreviventes militares tinham esquecido o que a última guerra havia decidido.
Os rapazes e as moças apenas se olhavam indiferentemente, pois o amor abandonara a Terra.
Um dia uma jovem, que nunca tinha visto uma flor, encontrou por acaso a última que havia no mundo. Ela contou aos outros seres humanos que a última flor estava morrendo. O único que prestou atenção foi um rapaz que ela encontrou andando por ali.
Juntos, os dois alimentaram a flor e ela começou a viver novamente. Um dia uma abelha visitou a flor. E um colibri. E logo havia duas flores, e logo quatro, e logo uma porção de flores. Os jardins e as florestas cresceram novamente.
A moça começou a se interessar pela própria aparência. O rapaz descobriu que era muito agradável passar a mão na moça. E o amor renasceu para o mundo. Os seus filhos cresceram saudáveis e fortes e aprenderam a rir e brincar. Os cães retornaram do exílio.
Colocando uma pedra em cima de outra pedra, o jovem descobriu como fazer um abrigo. E imediatamente todos começaram a construir abrigos. Vilas, aldeias e cidades surgiram em toda parte. E a canção voltou para o mundo.
Surgiram trovadores e malabaristas, alfaiates e sapateiros, pintores e poetas, escultores e ferreiros, e soldados, e soldados, e soldados, e soldados, e tenentes e capitães, e corenéis e generais, e líderes!
Algumas pessoas tinham ido viver num lugar, outras em outro. Mas logo as que tinham ido viver na planíce desejavam ter ido viver na montanha. E os que tinham escolhido a montanha preferiam a planíce. Os líderes, sob a imposição de Deus, puseram fogo ao descontentamento.
E assim o mundo estava novamente em guerra. Desta vez a destruição foi tão completa, que absolutamente nada restou no mundo.
Exceto um homem, uma mulher e uma flor."
James Thurber
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Razones
(ignorem o vídeo, ouçam a música)
"Te echo de menos, le digo al aire, te busco, te pienso, te siento y siento que como tú no habrá nadie. Yo aquí te espero, con mi cajita de la vida, cansada, a oscuras, con miedo y este frío nadie me lo quita.
Tengo razones para buscarte, tengo necesidad de verte, de oírte, de hablarte.
Tengo razones para esperarte, porque no creo que haya en el mundo nadie más a quien ame.
Tengo razones, razones de sobra, para pedirle al viento que vuelvas aunque sea como una sombra.
Tengo razones para no quererte olvidar, porque el trocito de felicidad fuiste tú quien me lo dio a probar.
El aire huele a ti, mi casa se cae porque no estás aquí, mis sábanas, mi pelo, mi ropa te buscan a ti. Mis pies son como cartón, que voy arrastrando por cada rincón; mi cama se hace fría y gigante y en ella me pierdo yo.
Mi casa se vuelve a caer, mis flores se mueren de pena, mis lágrimas son charquitos que caen a mis pies.
Te mando besos de agua, que hagan un hueco en tu calma,
Te mando besos de agua, para que bañen tu cuerpo y tu alma,
Te mando besos de agua, pá que curen tus heridas,
Te mando besos de agua, de esos con los que tanto te reías"
Razones - Bebe
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
All By Myself
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Não Me Deixam Sozinha
domingo, 7 de dezembro de 2008
70ª
"Cansei
de tanto procurar
Cansei
de não achar
Cansei
de tanto encontrar
Cansei
de me perder...
Hoje eu quero somente esquecer
Quero o corpo, sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão...
Não sei
pra onde vou
Não sei
Se vou ou vou ficar
Pensei
não quero mais pensar
Cansei
de esperar
Agora, nem sei mais o que querer
E a noite não tarda a nascer
Descansa, coração, e bate em paz..."
Fernanda Takai - Descansa Coração
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Psicografia
Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
Ana Cristina César
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
sábado, 29 de novembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Parte Cinco - O Seu Eu
Sem hesitar, deitou-se em sua cama, e adormeceu num instante.
Acordou no dia seguinte. Lembrava-se de tudo, mas não lembrava de seu sonho. Pensava em não ter sonhado esta noite. Na verdade, dormiu como pedra.
Inquieta, lavou o rosto e, com a mesma roupa que usou para dormir, abriu a porta de casa. E, em cima do tapede de boas-vindas, havia uma carta. Envelopada, sem remetente, com destinatário: Cecília. Cecília, e só.
Fechou a porta, sentou-se no sofá e abriu a carta, ansiosa.
"Querida Cecília,
Sei que gostou da minha resposta, mas sei também que ela lhe pareceu muito estranha. Apesar de já ter entendido, quero que você entenda. Por isto, explico.
Como você já notou, lhe causo terrível sensação quando resolvo aparecer em suas memórias. E não é à toa. Isto ocorre porque você sempre saiu ferida de todos os seus relacionamentos. Todos os homens com os quais você se envolveu fizeram questão de deixar uma marca em você, uma marca profunda. E eu, além de tudo que lhe falei, sou a junção de todas estas marcas.
Sei que outra coisa que lhe incomoda é aquele sonho que teve antes de eu te acordar. Se sou todos os homens, por que surgiram apenas dois? Ora, porque eles foram os que mais marcaram. Você sabe muito bem o que é o primeiro contato sexual na vida de uma mulher, e também o que significa o primeiro amor verdadeiro. E Lucca e Mário representaram estas coisas para você, respectivamente.
Em último, certamente te atormenta o fato de eu te desejar tanto. De eu te seguir, entrar em sua casa, te dar meu número. Beijá-la, e te olhar de um jeito que jamais olhei e hei de olhar a outra mulher.
A justificativa é simples: você marca, marcou e marcará. Todos os homens com quem você se envolve, com quem você se envolveu e com quem vai se envolver.
Por que apareci agora? Porque é o momento. As coisas não têm lógica, Cecília, ao mesmo tempo em que têm. E você sabe muito bem disto.
Um beijo carinhoso do seu eterno eu,
Eu."
Parte Quatro - Cara a Cara
- Como assim? Eu não entendo... Como assim? Você sabe? Não, está blefando... Não é possível! - Gritou Cecília, atordoada.
Um silêncio escuro fez-se depois de seus gritos. Olhavam-se incansavelmente: ela, tentando descobrí-lo, esclarecer suas dúvidas; ele, apreciando-a, e matando as saudades que há muito atormentavam seu peito.
- Quem é você? Como entrou em minha casa? Hein? Me responda! - Gritava.
E ele, no maior silêncio que podia fazer. Olhava-a, e era só isso que fazia, sem cessar.
Beijou-a novamente. Um misto de raiva, inquietação e paixão tomavam conta de Cecília. Ela adorava o que estava acontecendo, ao mesmo tempo em que detestava. Sentia raiva dele, ao mesmo tempo em que o amava. Amava? Ela não sabia muito bem o que sentia por ele. Aliás, quem era ele?
Afastou-se dele, levantou-se da cama e exigiu:
- Me diga, por favor, me diga agora quem você é, e o que faz na minha casa...!
- Eu sou você. E sou todas as suas memórias, e todos os seus homens. Todos os seus casos, suas mágoas. Sei de tudo, e sempre soube. Na verdade, sempre estive com você. E sempre estarei, até quando não mais estiver.
Depois disso, virou as costas e, mais calmo do que nunca, como se tivesse tirado de suas costas o peso de uma cruz, ele foi embora.
Cecília, ainda parada em seu quarto, sem reação, chorava. Porque, poesia pura que sempre foi, achara belas demais as palavras do misterioso homem. E mais misterioso que tudo é o fato de estas palavras serem aquelas que ela sempre sonhara ouvir.
Parte Três - A Invasão
O professor marcou uma época terrível de sua vida. Foi alvo de sua cafajestagem, mas, também, de inocente ela nada tinha. Fez o que pôde para atraí-lo, e conseguiu. No fundo, bem lá no fundo, ainda guardava sentimentos por ele.
O aluno, famoso pelo jeito que tocava, era uma série superior a ela. Conhecidíssimo por tocar em todos os festivais do colégio, por ganhar inúmeros prêmios e por fazer sucesso com as garotas. Muito sucesso. Era alto, moreno, forte. Os dois tinham um certo flerte, nada demais. Flerte que aos poucos foi evoluindo, até chegar ao ponto de se encontrarem às escondidas no condomínio onde ele morava. Lugar repleto pela natureza, aventuravam-se aos montes.
Tudo terminou quando ela teve de ir embora para outro país. Até hoje guardava em si um desejo às vezes incontrolável de encontrar aquele garoto. Ele a completava tão bem... Seus corpos encaixavam perfeitamente, apesar de todas as diferenças.
Entretanto, apesar de todas as memórias, ela não sabia exatamente o que significavam. O que tinham a ver com o homem, e com toda aquela sensação horrível que surgia quando pensava nele.
Sentiu um ar quente soprar em sua orelha, foi descendo, até chegar à cintura... Ela conhecia esse jeito, esse trajeto. De repente, sentiu uma mão acariciar suas costas e subir até seu rosto, aos poucos. Foi quando acordou. Na sua frente, estava aquele homem.
Estática, ela não sabia o que fazer. Sua primeira reação foi um grito, sufocado pela mão morena, que antes a acariciava. Em seguida, João retirou a mão de sua boca, e beijou-a.
Durante três longos minutos, ela sentiu experimentar um gosto já conhecido. Uma textura já conhecia.
Depois do beijo, olhou-a nos olhos. Olhos que também lhe eram conhecidos, não do mercadinho, mas já há muito tempo.
Sua cabeça estava confusa. Como o homem conseguira entrar? De onde veio? Sempre morou ali? E por que, por que diabos tudo o que fazia lhe era tão familiar...?
Parte Dois - A Interrogação
Ele não estava mais lá. Assustada, ela só pensava em dormir, a única vontade que tinha no momento. E tinha também uma certeza: algo entre eles havia ocorrido. Não se conheciam apenas por serem vizinhos de janela...
Parte Um - Olhos Verdes
Decidiu, pois, levantar-se. Em passos vagos e lentos dirigiu-se ao banheiro, onde ficou estática durante segundos em frente ao espelho. Pensava: Como chegei a este ponto? onde me destraí? o que me aconteceu? Resolveu parar os devaneios enquanto pegava a escova e a pasta de dente. Escovou-os com o mesmo entusiasmo de todos os dias, enquanto refletia se saía ou não de casa. Lavou o rosto, secou-o e decidiu ficar.
Foi à geladeira, abriu-a e constatou o que constatava sempre: não há nada para comer.
Vestiu qualquer roupa e foi ao mercadinho ao lado de sua casa.
Aparência debilitada, pele ressecada, olheiras enormes. Não atraía muitos olhares, mas, neste dia, um em especial lhe chamou a atenção. Um homem alto, queimado do sol, de grandes olhos verdes e enormes cabelos cacheados, que mais pareciam um black-power. Sorriu. Ela retribuiu o sorriso.
- João Marcos, prazer.
- Cecília. - Sorriu.
- Mora por aqui, Cecília? - Perguntou o homem.
- Sim, aqui do lado. - DIsse, apontando para seu prédio.
O homem, então, escreveu, num pequeno pedaço de papel, seu nome e seu número de telefone.
- Me ligue, qualquer dia desses. Também moro por aqui - Misterioso, sorriu e foi-se embora.
Acatada e com um olhar duvidoso, Cecília pagou as compras e foi para casa. Ao chegar lá, largou-as em qualquer cantou, sentou-se no sofá e, numa mistura de ânimo e desconfiança, ficou olhando durante longos minutos o papel dado pelo homem. Enquanto isso, uma música que lhe era familiar começou a tocar, em algum ligar distante. Um jazz, muito bonito, cantado por uma artista cujo nome lhe fugia no momento. Americana, talvez.
Sentou-se em frente à janela, fechou os olhos e apreciou a música, durante todo o tempo em que tocava. Quando abriu os olhos, teve uma surpresa: João, o homem do mercadinho, encontrava-se na varanda em frente à sua janela. Agora sim, ela pensava, ela sabia conhecê-lo de algum lugar. Aquele rosto, aquela silhueta lhe eram familiar. Só não se lembrava e de onde. Mas pensava já tê-lo visto naquela varanda algumas vezes...
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Tristeza Não Tem Fim
Às vezes sucumbo, não aguento, desabo sobre mim mesma.
É terrível ter de enfrentar tanta tristeza num corpo só.
Pergunto-me quando enfim encontrarei alguém que não me machuque. Que me acrescente, e só. Que não fique guardada dentro de mim como uma ferida, como um peso. Como algo que dói, sempre que tocado.
(Sigo a vida com a cabeça erguida e trago no corpo feridas que, com o tempo, fingem parar de doer...)
domingo, 23 de novembro de 2008
Libido
"Deixa eu tirar as jóias do teu colo
Deixa eu colar a boca no teu beijo
Deixa eu entornar o caldo do teu cálice
E passar pelo teu ombro meus dedos
-----------------------[De solidão
Deixa eu curtir a pele,
E pelo dorso entrar como um pirata corço
Neste porto proibído...
Deixa eu tirar dos lábios
A libido e coisas tais
Como fazem os animais
E os amantes, quando perdem os vestidos
Deixa eu te cobrir de plumas
E, tirando uma a uma,
Tirar todos os teus sentidos..."
Libido - Gereba & Cássia Eller
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Olhos nos Olhos
Apesar de simpatizar com seu jeito e notar seu modo diferente de ser, custou um bom tempo para que notasse sua beleza, que para tantas outras já era óbvia.
Seu encanto começou com um olhar. Um olhar, somente. Num momento em que os dois estavam próximos, seus olhos se encontraram. E ela derreteu. Por segundos apenas, mas derreteu. Algo de diferente acontecia, ela pensou, enquanto ele fixava o olhar e ao mesmo tempo o desviava.
Dias se passaram, e seu encanto crescia. Nunca tinha se apegado a um olhar daquele modo. Só sabia pensar nos momentos de encontro, e enquanto estava com ele não fazia outra coisa se não fixar seus olhos nos dele.
Ele, com o tempo, parecia notar todo o jogo. Não era bem um jogo, mas sim uma atmosfera estranha, afrodisíaca. Ele mostrava-se envolvido, chegava perto, olhava fixamente nos olhos dela, freqüentemente. Sorria, sorria lindo, sempre que os olhares se encontravam.
Certa vez, depois de tanto encontro entre os olhares, resolveram não desviá-los e deixá-los fixos. Eis que ocorreu uma atração mútua, repentina, e os dois se aproximaram. Primeiro, enquanto os olhos continuavam fixos uns nos outros, encontraram-se as mãos. Em seguida, os braços. No instante máximo, aquele que precede o esperado há tanto tempo, há a face a face. Os segundos de silêncio. Os pensamentos a mil. E, finalmente, o encontro dos lábios. Ela há tanto tempo sonhava com isso, algo que parecia tão inalcançável. Não conseguia acreditar, mas havia acontecido: seus corpos finalmente e, por fim, se encontravam.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Roda Viva
"Em casa, havia duas latas na cozinha. Uma para coisas que apodreciam fácil. Restos de comida, pó de café, papel, cascas de ovo. Os desagradáveis. Outra para vidros, latas, plásticos. Um dia, observei muito bem. A lata vazia pela manhã, enchendo gradualmente durante o dia. Completamente cheia à noite.
Depois, a lata ia para fora, o lixeiro apanhava na madrugada. Ela voltava ao lugar no dia seguinte. Vazia pela manhã, enchendo gradualmente durante o dia. Quando descobri a repetição, compreendi também o mecanismo. Repetição. Levantar, tomar café, sair, trabalhar, voltar, comer, ver tevê, deitar.
Uma roda girando sem sair do lugar. Produzindo o quê? O vazio. Moto-contínuo. Funcionaria a vida inteira, sem parar. A menos que alguém interrompesse. Se ninguém impede, as coisas continuam, eternizadas. É preciso sempre intervenção, que alguém se interponha, se transforme em obstáculo à repetição."
Não Verás País Nenhum - Ignácio de Loyola Brandão
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
À Beira da Loucura
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Em suma: sumo
O que vou encontrar: algumas paisagens maravilhosas, montanhas, muito frio, muito calor, novas pessoas, nova família, tudo limpo, branco, zero. Novo.
domingo, 28 de setembro de 2008
O Acordar dos States

A China, emergindo, dá logo os sinais de mais nova potência mundial, enquanto, na Casa Branca, Bush - desesperado, pedindo perdão a Deus - e seus discípulos tentam dar um jeito na merda que fizeram. O acordo proposto pelo ex-presidente (?) pede encarecidamente aos cidadãos estadunidenses 70 bilhões de dólares. Eis que a população do consumo vai ter de se adaptar a viver com pouco! Espera-se, então, que não só a população, mas também os banqueiros - principais responsáveis pela crise - sofram as conseqüências. Contudo, nossos queridos amiguinhos democratas exigem que se pague aos banqueiros uma determinada quantia para continuar mantendo-os ricos. Isso mesmo! A população que pague, se vire, enquanto os que desencadearam toda a confusão continuam no conforto. Há, portanto, uma rivalidade na aceitação do acordo: dar ou não dar aos banqueiros, além do fato de os republicanos defenderem a autonomia do mercado com unhas e dentes. Entretanto, se esta rivalidade não for resolvida, o acordo acabará por não ser aceito. Se não for aceito, o mundo inteiro poderá dar bye bye ao Neoliberalismo: a economia de todo o mundo será afetada. Seria, então, o colapso do capitalismo? Será esta a hora de outro modo de produção instaurar-se no mundo? Apesar de não gostar muito do capitalismo, tenho minhas dúvidas. Eu gostaria, sim, que ocorresse essa mudança brusca, mas mesmo que não ocorra, o "liberou geral" do mercado, assim como a hegemonia estadunidense de imposição consumista, podem arrumar suas malas e dar adeus a este mundo aqui - ou bye bye, se preferirem.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
O Velho Texto Batido...
Love is a losing game
Five story fire as you came
Love is a losing game
Self professed, profound
Until the tips where down...
Why do I wish I never played?
Oh, what a mess we made...
And now, the final frame:
Love is a losing game.
sábado, 20 de setembro de 2008
(...)
Cabe à filosofia - e também à poesia, convém dizer agora - recuperar a estranheza das coisas, mostrar que o cotidiano e o habitual, em sua aparente monotonia, esconde o mistério do ser.
Na mesma dimensão da filosofia e de seu modo de pensar situa-se apenas a poesia (...). O poeta fala sempre, como se o ente se exprimisse pela primeira vez. No poetar do poeta, como no pensar do filósofo, de tal sorte de instaura um mundo, que qualquer coisa, seja uma árvore, uma montanha, uma casa, o chilerar de um pássaro, perde toda monotonia e vulgaridade.
(M. Heidegger, Introdução à Metafísica, p. 66)
O homem moderno, no entanto, perdeu a dimensão do mistério: quer tudo dominar pela razão, submete a realidade inteira à bitola da funcionalidade e da utilidade, expulsa do universo o pitoresco, o imprevisto, o espontâneo, impondo-lhe a representação fictícia de um imenso e complexo mecanismo, perfeitamente controlável pela ciência e manipulável pela técnica.
Como foi possível chegar aonde chegamos? Como este modelo da realidade pôde emergir? Que estranho destino levou o homem moderno a submeter-se à tirania da razão, esquecendo-se que no mais fundo de si mesmo é desejo, paixão e amor?"
Fazer Filosofia, 3ª Edição, pps. 37 & 38 - Olinto A. Pegoraro, Ricardo Jardim Andrade, Maria Célia M. de Moraes, Vera Portocarrero, Leda Miranda Hühne, Eliane M. Portugal, Dirce Eleonora Solis, Sydney S. F. Solis, Regina Lopes Van Balen
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
WTF is it 'bout men?!
Understand: once he was a family man
So, surely, I would never ever go through it first hand...
Emulate all the shit my mother hated,
I can't help but demonstrate my Freudian fate
My alibi for taking your guy...
History repeats itself, it fails to die
And animal aggression is my downfall...
I don't care 'bout what you got, I wanted all
It's bricked up in my head, it's shoved under my bed
And I question myself again: what is it 'bout men?
My destructive side has grown a mile wide...
And I question myself again: what is it 'bout men?!
I'm nurturing, I just wanna do my thing...
And I'll take the wrong man as naturally as I sing
And I'll save my tears for uncovering my fears
For behavioral patters that stick over the years...
'Cos it's bricked up in my head, it's shoved under my bed
And I question myself again: what is it 'bout men?
Now my destructive side has grown a mile wide,
and I question myself again: what is it 'bout men?
What is it 'bout men?!
What Is It About Men - Amy Winehouse
(now you think that I will be somethin' on the side, but you have to understand that I NEED A MAN WHO CAN TAKE MY HAND, yes, I do... I don't know what this is, but ya got got me good... I don't know what you do, if you really do something conscient, but, anyway, you do it well. I'm under your spell...)
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 30 de agosto de 2008
Too Hard To Ignore
'til it hurts to concentrate
Distract me
Stops me doing work I hate
And just to show him how it feels
I walk past his desk in heels
One leg resting on a chair,
From the side he pulls my hair
Although I've been here before
He's just too hard to ignore
Masculine you spin a spell
I think you'd (you wouldn't) wear me well
Where's my moral parallel?
It takes me
Half an hour to write a verse
He makes me
Imagine it from bad to worse
My weakness for the other sex
Every time his shoulders flex
Way the shirt hangs off his back
My train of thought spins right off track
Although I've been here before
He's just too hard to ignore
Masculine he spins a spell
I think he'd (he wouldn't)wear me well
So where's my moral parallel?"
Amy, Amy, Amy - Amy Winehouse
What a mess we made...
You (and I) though I didn't love you, when I did
Can't believe you played me out like that...
What kind of fuckery are you?!
.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Salve Huxley!
Eu quero soma.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Autofágicos
Óbvio que não se deve simplificar nem reduzir. Mas creio - na verdade, tenho certeza - que o problema do problema (olha a redundância...) humano inicia-se aí nessa complexidade. Nós não somos seres de confiança... Não mesmo.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Beggin' For Mercy

I love you, but I've got to stay true
My moral's got me on my knees,
I'm beggin: please, stop playin' games!
I don't know what this is, 'cos ya got me good,
Just like you knew you would...
I don't know what you do, but you do it well
I'm under your spell!
You got me beggin' you for mercy,
Why won't you release me?!
You got me beggin' you for mercy
I said you'd better release me...
Now you think that I will be something on the side
But you got to understand that I need a man
Who can take my hand, yes, I do!
I don't know what this is, 'cos ya got me good,
Just like you knew you would
I don't know what you do, but you do it well
I'm under your spell...
Duffy - Mercy
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
sábado, 16 de agosto de 2008

"Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei, e gritei e fui vestido de Rei,
Quarta-feira sempre desce o pano...
Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje, nem lembra, não
Quarta-feira sempre desce o pano
Era uma canção, só cordão e uma vontade
De tomar a mão de cada irmão pela cidade...
No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança..."
Sonho de Um Carnaval - Chico Buarque de Hollanda
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Pós-Madonna
Não, não estou revelando meu lado fútil. Não, não sou fã de Britney Spears. Sim, eu ouço Britney Spears; algum problema?
Na verdade, não vim aqui impor gostos nem discutí-los. O motivo pelo qual pus um vídeo da ex-american-dream aqui é a vontade de fazer uma simples porém interessante análise desse ambiente de revolução feminina pós-Madonna.
"They say I'm crazy; I really don't care. They say I'm nasty, but I don't give a damn; gettin' boys is how I live. (...) I don't need permition to make my own decisions: that's my prerogative."
Diante dessa postura feminista (e, ao mesmo tempo, anti-feminista) de pôr a mulher como dona de seu nariz, que usufrui dos prazeres carnais concebidos pelos homens, me vem à cabeça a idéia de girl-power revolucionária revelada pela Madonna da década de 80. Em sua apresentação de estréia, no VMA, a diva pop saiu de um bolo gigante, vestida de noiva, fazendo poses e caras sensuais e cantando seu primeiro single, Like A Virgin. Foi, sem dúvida, um choque à mulher "dona de casa" da época; Madonna trouxe uma mulher sexualmente poderosa, com a capacidade de inferiorizar a figura masculina neste aspecto. Utilizou da melhor ferramenta sexual que nós mulheres temos: o corpo. Deixou-se - parcialmente - de lado a mulher submissa, e tirou-se o homem da sua postura de "macho", invertendo-se a situação: não mais os homens usufruem do apenas corpo da mulher, mas sim o contrário.
Não acho algo admirável a postura da Britney, mas admiro sim as suas raizes. Em suma, não admiro a futilidade que a nova careca carrega em toda a sua obra, mas a admiro como filha de uma quebra aos valores morais de uma época opressora quanto à expressão feminina. Acredito no girl-power e o vejo mais forte nos dias de hoje, apesar deste ser muito confundido com a futilidade. A libertação da mulher quanto figura sexual está presente tanto nesse vídeo que aqui posto quanto no decote e na saia curta que, hoje em dia, nós mulheres temos a liberdade de usar.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
"Educar para um Outro Mundo Possível"

Como a entrevista é grande e eu não tenho tempo, disponibilidade física nem cara-de-pau pra fazer um copy-past por aqui, vou citar alguns dizeres que me chamaram atenção e me despertaram esperança.
Quanto à mudança através do povo, daqueles que não possuem nenhum título de poder, Moacir afirma: "Os partidos não são os únicos canais de participação política. Há outras formas de fazer política, portanto, de operar mudanças. Não se pode utilizar a mesma lógica e os mesmos métodos utilizados pelo capitalismo para tentar superá-lo. Compartilho com a idéia de John Holloway, autor do livro Como Mudar o Mundo sem Tomar o Poder, de que o mundo não será transformado pelos poderosos que criam pessoas despossuidas de poder, mas pelas pessoas comuns como nós."
Fazendo-se uma análise rápida dos valores contemporâneos, não se tem um resultado muito otimista: egoísmo, individualismo, ganância, pessimismo, inconseqüência. Logo, se afirma-se que a mudança se dará através da pessoas, fazer-se-á necessária também uma mudança de valores:
"Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas. (...) São processos interligados. Mudar o mundo depende de todos nós: é preciso que cada um tome consciência e se organize. (...) Os fóruns colocaram o povo, a multidão, como grande sujeito. Só o povo organizado pode fazer história. Os movimentos sociais contemporâneos não querem ficar na platéia, na arquibancada. A sociedade civil não pode ficar assistindo; tem que ser protagonista desse 'outro mundo possível'."
Responsabilidade social e solidariedade abordadas pelo educador: "O mercado existiu bem antes do capitalismo e, possivelmente, continuará existindo depois dele. (...) O mercado não é um ser imutável. O mercado pode ser regido por uma outra lógica. Pode, sim, existir uma economia solidária. (...) Ele [o mercado] foi inventado pelos homens e tudo o que foi inventado por eles, por eles pode ser re-inventado."
"Um país que precisa de um Estatuto da Criança para respeitar a criança tem alguma coisa errada no seu processo civilizatório".
"A solidariedade nada tem a ver com piedade. Não se trata de dar uma esmola para alguém para aliviar nossa consciência. (...) A solidariedade implica não apenas em sentir o outro, mas compartilhar nossa vida, nossos sonhos, com o outro. Por isso a solidariedade precisa ser 'emancipatória'".
Basta apenas sair às ruas para dar-se conta da enorme diversidade comportada pelo mundo. Sendo assim, não faz-se possível a definição de mundo por apenas uma teoria, por um dogma: "Não há uma teoria única que possa explicar a complexidade do mundo atual e orientar a vida de uma comunidade tão diversa. Sempre existe mais de um ponto de vista que responde à mesma questão. É cegueira ideológica e sectarismo enxergar apenas uma teoria. (...) O partido único e o monolitismo ideológico conduzem necessariamente ao fracasso político. A diversidade é a característica fundamental da humanidade. Por isso, não pode haver um único modo de produzir e de reproduzir nossa existência no planeta. (...) Diante da diversidade humana abre-se a possibilidade da diversidade de mundos possíveis".
Respondendo à última pergunta O que é educar para um outro mundo possível?, Gadotti finaliza: "Os paradigmas clássicos estão levando o planeta ao esgotamento de seus recursos naturais. A crise atual é uma crise de paradigmas civilizatórios. Educar para outros mundos possíveis supõe um novo paradigma, um paradigma holístico".
domingo, 10 de agosto de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Terceiro

Segundo

Primeiro

Ao Desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o Mundo concertado.
Luís de Camões
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Carta de Graças
Graças às tuas visitas e aos olhos nos olhos que me permites trocar contigo, tornei-me novamente o ser humano que sempre fui, voltei à minha essência. Voltei a rir das coisas mais bobas e a achar o pôr-do-sol uma das coisas mais belas que existem neste mundo. Voltei a apreciar o dia por simplesmente ser mais um, a sentir, com prazer, o vento batendo no rosto e a magnificar - permita-me a invenção - a capacidade que me foi concedida de observar pessoas caminhando e coincidindo suas vidas nas ruas e, o melhor, poder achar isso uma das coisas mais belas que um ser humano pode observar.
O ponto negativo de tudo isso, minha cara, de ter voltado a mim mesmo e de estar me permitindo outra vez deixar-me levar por outro ser humano que não seja eu mesmo, é a saudade: querida, esta tem se tornado insuportável. E mesmo quando a mato, não a mato de fato. Sinto saudades tuas até quando tenho-te em vista. É um desejo maior, como já dito por outra pessoa que agora me foge o nome: algo como uma vontade imensurável e incontrolável de consumir-te por completo, em todos os sentidos carnais ou não carnais que a palavra pode conotar.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
segunda-feira, 28 de julho de 2008
domingo, 27 de julho de 2008
sábado, 26 de julho de 2008
Incerto
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Através do Espelho
Marília: era isto mesmo o que queria? Ou desejava o efêmero?
Decidiu olhar-se no espelho por uns instantes, tentando decifrar a si própria, Se questionava ao mesmo tempo em que desprendia os cabelos e penteava-os com aquela escova que, para ela, equivalia a todo um banho, olhava nos próprios olhos e achava-os incrivelmente parecidos com os dele,
Em meio a devaneios a angústia não lhe saía da cabeça, não sabia o que queria, Ou sabia?
Parou de escovar-se, Guardou na sua caixa branca todo aquele emaranhado confuso de efemeridades e cheiros - só não a sua lembrança cotidiana - , apagou as luzes, deitando sua cabeça no travesseiro sempre tão macio e descansando as pernas como se tudo aquilo fosse eterno, ligou o rádio para ouvir aquelas mesmas músicas de sempre que lhe faziam dormir como anjo, como se esperasse mesmo que aquele momento tão dela e tão dele fossem só deles, como se os dois fossem um só, Na verdade ela o queria ali naquele momento, mas só tinha o cotidiano, os cheiros confundidos e a memória já quase desconsertada de tanto se lembrar daquelas velhas e desgastadas cenas
.
Nua e Crua
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer...
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites,
Minha dor, meus apelos...
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços,
Pelo amor de Deus!
Vem que eu te quero fraco,
Vem que eu te quero tolo,
Vem que eu te quero todo meu..."
Chico, o Buarque - Sem Fantasia
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Tanto Mar
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Ausência (ou As Cores)
Enquanto sentia-se aquecida pela luz do sol, ela não sabia direito distingüir aquele sentimento que lhe acelerava e expremia o coração. Parecia uma mescla de saudade e carência; não só saudade, mas uma vontade de apertar, de abraçar, de ver, de consumir. De contemplar, enfim.
Não conseguia tirar da memória aqueles olhos grandes, tão bonitos, nem o jeito doce e forte de abraçar, nem o cheiro que parecia ter ficado impregnado em suas narinas.
Ela sentia falta, isso era fato. Só faltava descobrir, ainda, se aquilo que sentia era mesmo saudade.
Modelo da foto: Lorena Bastos
terça-feira, 22 de julho de 2008
segunda-feira, 21 de julho de 2008
As Cores
Between The Bars
E eu me encanto tão intensa e rapidamente que chega me amedronto. Fraquejo, desconfio. Mas sou eu: tento me trancar e fugir de tudo o que me vem à tona, e, eu mesma, ao dizer 'não', me abro, novamente.
A velha nova menina parece ter voltado.
Insensatez
Há poucas coisas que o comovem ultimamente. Nem as mãos entrelaçadas, nem os olhos nos olhos, nem as palavras que sofrem repousadamente nos pedaços borrados de papel. Nem as músicas, por mais tristes ou alegres que sejam, conseguem arrancar-lhe lágrimas ou sorrisos. O onirismo, sempre tão constante em seu cotidiano, agora não se faz tão presente. Sempre que há um início, a sua consciência, fria e cética, defende-se, expulsando qualquer tipo de sonho, de ilusão, de contato com o que fica hospedado no seu inconsciente e só se manifesta na hora do sono.
Apesar do ofuscamento nessa sensibilidade que - tenho certeza - o habita, ele há de voltar a ser o mesmo homem que se encantava com o meu olhar e com minhas cartas, com todas as flores que eu insistia em lhe entregar e com todo o amor que, durante muito tempo, deixei guardado dentro de mim.
You Know I'm No Good
Recomeço
Ela e sua janela, querendo
Com tanto velho amigo
O seu amor, num bar,
Só pode estar bebendo...
Mas outro moreno
Joga um novo aceno
E uma jura fingida...
E ela vai, talvez,
Viver d'uma vez
A vida..."
Chico Buarque de Holanda - Ela e Sua Janela