segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Quem vive de passado?

Sempre pensei nessa dualidade - que em muitos momentos se mostrou, na verdade, cumplicidade - entre esses dois grandes campos do conhecimento, Humanas e Exatas. Mas, de tanto pensar, nunca tive coragem de transformar isso em texto. Discorrer sobre assuntos que estão sempre presentes em minha mente me amedronta, de uma certa forma. Se o desconhecido me assusta, acho que o cotidiano me dá ainda mais medo.
Pensar em humanas me remete imediatamente ao nosso interior mais profundo. Em tudo que há de subjetivo e poético em nós, tratando-se inclusive da própria história. E, ao meu ver, em segundo lugar no ranking de importância das humanas, está a História. Vindo depois da Filosofia, a História representa tudo aquilo pelo que passamos e como nos tornamos o que somos hoje. Compreende os caminhos tomados pelo homem para este chegar ao nível ao qual chegou, e compreende também os caminhos que iremos tomar, já que o presente é o futuro passado.
Mas vamos sair da História e entrar na Matemática. Sem dúvida, a linguagem do universo: desde sempre. A Matemática é a mãe das outras ciências: química e física. Ambas são filhas dependentes: estudá-las sem compreender a matemática é suicídio.
Durante a História da humanidade, a ciência deselvolveu-se de forma iversamente proporcional à evolução humana, no sentido de sociedade e de compreensão. A Física desvendou a mecânica e criou as máquinas, enquanto a Química se encarregava de transformar as substâncias e descobrir o fundamento primeiro, aquele que a Filosofia tanto procurava com os filósofos de Mileto: o átomo. Enquanto isso, as Guerras Mundiais ocorriam e, além de pessoas morrendo, havia pessoas sendo duramente exploradas.
Pelo escrito até agora, elas pareceram andar juntas a maior parte do tempo, não? Sim, pode-se afirmar que sim, mas hoje em dia temos um quadro completamente distinto. Exatas e humanas não só distanciaram-se: tornaram-se rivais. Enquanto a Química, a Biologia, a Física e a Matemática imperam, as Humanas se arrastam, esgotadas, à procura de um espaço. Tentam mostrar que durante um tempo elas foram a base do que temos hoje, e que em se tratando de problemas sociais - o que mais se tem atualmente - elas podem ter a solução. Mas ninguem as ouve, porque a reflexão foi barrada. Atrelada à suprema economia, o campo das Exatas reina. Não valoriza aquela que foi um dia sua irmã, e a deixa desaparecer enquanto esquece que os próprios humanos, tortos e cheios de defeitos, descobriram e deselvolveram a tão amada ciência.

Um comentário:

Rafael Moura disse...

Essa aparente decadência das ciência humanas pode ser reflexo daquilo que a ciência se tornou hoje. Temos que esquecer aquela mentalidade de que os cientistas são seres superiores e aceitar que eles são mortais e influenciáveis como qualquer um de nós. E é claro que normalmente as ciências vão tender para o lado onde haja mais recurso e investimento. E quem controla os recursos e investimentos? Dentre as ciências, as exatas são mais seguras para o Poder, e dentre as exatas, as pesquisas mais investidas são as que mais trazem proveito.

Nway, ótimo blog. Hoje e sempre.