sábado, 20 de setembro de 2008

"Não é suficiente saber que o homem constrói mundos, mas é preciso ainda 'des-construir'. (...) Com efeito, não é possível construir uma nova civilização sem questionar os fundamentos latentes desta em que vivemos. (...) É a modernidade como um todo que precisa ser interrogada e não apenas uma ou outra de suas manifestações locais.

(...)

Cabe à filosofia - e também à poesia, convém dizer agora - recuperar a estranheza das coisas, mostrar que o cotidiano e o habitual, em sua aparente monotonia, esconde o mistério do ser.

Na mesma dimensão da filosofia e de seu modo de pensar situa-se apenas a poesia (...). O poeta fala sempre, como se o ente se exprimisse pela primeira vez. No poetar do poeta, como no pensar do filósofo, de tal sorte de instaura um mundo, que qualquer coisa, seja uma árvore, uma montanha, uma casa, o chilerar de um pássaro, perde toda monotonia e vulgaridade.
(M. Heidegger, Introdução à Metafísica, p. 66)

O homem moderno, no entanto, perdeu a dimensão do mistério: quer tudo dominar pela razão, submete a realidade inteira à bitola da funcionalidade e da utilidade, expulsa do universo o pitoresco, o imprevisto, o espontâneo, impondo-lhe a representação fictícia de um imenso e complexo mecanismo, perfeitamente controlável pela ciência e manipulável pela técnica.

Como foi possível chegar aonde chegamos? Como este modelo da realidade pôde emergir? Que estranho destino levou o homem moderno a submeter-se à tirania da razão, esquecendo-se que no mais fundo de si mesmo é desejo, paixão e amor?"


Fazer Filosofia, 3ª Edição, pps. 37 & 38 - Olinto A. Pegoraro, Ricardo Jardim Andrade, Maria Célia M. de Moraes, Vera Portocarrero, Leda Miranda Hühne, Eliane M. Portugal, Dirce Eleonora Solis, Sydney S. F. Solis, Regina Lopes Van Balen


Um comentário:

david santos disse...

Olá!
Boa postagem!
Tudo tem que ser questionado. Sabemos que o planeta anda mal. Por isso, uma revisão, se é que alguma ela se faça, tem que ser geral.
Parabéns.