sexta-feira, 29 de julho de 2011

A dor e sua agulha

Era uma vez uma dor. Ela morava miúda no meu peito, apertado, e carregava consigo uma minúscula agulha que sempre havia de me espetar o coração. A cada espetada - ai, que dor mesquinha - ela crescia, alimentando-se da tristeza que meu músculo, vermelho e palpitante, levava a bordo.
Bastava te ver - só ver! Que experiência cruel -para que ela, sem misericórdia, se animasse a espetar. E espetava sem dó nem intervalos. Bastava você chegar. E quanto mais o meu coração palpitava, mais ela alfinetava.

Um dia eu, cansada, resolvi falar: há uma dor dentro de mim que não quer sarar. E, curioso - bastou o dizer, bastou que as palavras saíssem da minha boca-,  para a dor pestinha pegar carona e voar, invisível, com o meu desabafo. 

E lá foi ela, não ser para onde... Talvez procurar outro coração, vítima indefesa, para com sua agulha, tão fina e incômoda, deixar o seu amargo traço.

Um comentário:

Éder Poesia disse...

''quem fala seus males espanta''
Curti!