quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pós-Madonna



Não, não estou revelando meu lado fútil. Não, não sou fã de Britney Spears. Sim, eu ouço Britney Spears; algum problema?
Na verdade, não vim aqui impor gostos nem discutí-los. O motivo pelo qual pus um vídeo da ex-american-dream aqui é a vontade de fazer uma simples porém interessante análise desse ambiente de revolução feminina pós-Madonna.

"They say I'm crazy; I really don't care. They say I'm nasty, but I don't give a damn; gettin' boys is how I live. (...) I don't need permition to make my own decisions: that's my prerogative."

Diante dessa postura feminista (e, ao mesmo tempo, anti-feminista) de pôr a mulher como dona de seu nariz, que usufrui dos prazeres carnais concebidos pelos homens, me vem à cabeça a idéia de girl-power revolucionária revelada pela Madonna da década de 80. Em sua apresentação de estréia, no VMA, a diva pop saiu de um bolo gigante, vestida de noiva, fazendo poses e caras sensuais e cantando seu primeiro single, Like A Virgin. Foi, sem dúvida, um choque à mulher "dona de casa" da época; Madonna trouxe uma mulher sexualmente poderosa, com a capacidade de inferiorizar a figura masculina neste aspecto. Utilizou da melhor ferramenta sexual que nós mulheres temos: o corpo. Deixou-se - parcialmente - de lado a mulher submissa, e tirou-se o homem da sua postura de "macho", invertendo-se a situação: não mais os homens usufruem do apenas corpo da mulher, mas sim o contrário.

Não acho algo admirável a postura da Britney, mas admiro sim as suas raizes. Em suma, não admiro a futilidade que a nova careca carrega em toda a sua obra, mas a admiro como filha de uma quebra aos valores morais de uma época opressora quanto à expressão feminina. Acredito no girl-power e o vejo mais forte nos dias de hoje, apesar deste ser muito confundido com a futilidade. A libertação da mulher quanto figura sexual está presente tanto nesse vídeo que aqui posto quanto no decote e na saia curta que, hoje em dia, nós mulheres temos a liberdade de usar.

Um comentário:

subliterato disse...

concordo e discordo em parte nina..

Os prazeres carnais são parte de uma serie de lutas e conquistas (econômicas/ sociais) que mulheres travam desde a década de 50. Acho que a mulher deve ter o direito de se vestir como quiser, porém não acredito que mostrar ou não as pernas seja o único modelo de liberdade ou transformação feminina (não que vc diga isso).. Se assim fosse Carla perez seria uma revolucionária, e as coisas já tinham mudado... A indústria cultural se apropria muito bem dessa sensualidade pra servir a um mercado, e não a emancipação feminina.. Será que o choque que a Madonna trouxe alguma interferência prática, ou serviu para construção de sua imagem, ao mundo pop, a sua gravadora?! Há mulheres muito mais invisíveis por aí em diversas áreas fazendo muito mais nesse sentido, coisas que vão além da aparência e da bunda, creio que são essas ações mais importantes e profundas pra alguma melhoria na questão de desigualdades de gênero. Se esperarmos mudanças através da Britney ficamos doidos e carecas que nem ela.. kkk