quarta-feira, 11 de março de 2009

Sofia e o amor

A casa encontrava-se vazia desde então. Sofia, tão obscura quanto tudo o que estava vivendo, abriu a porta e encontrou o silêncio. Eis o que ela precisava: o silêncio. Nada mais.
Pôs sobre a mesa as compras que fez, jogou sua bolsa em um canto qualquer da sala. Deitou-se no sofá e pôde garantir que não sentira sensação tão confortável há pelo menos um ano. Isto a fez lembrar do que vivera há um ano atrás.
Realmente, há um ano atrás Sofia estava satisfeita. Simplesmente satisfeita. O que é fantástico, já que a insatisfação é o eterno sentimento humano.
Agora ela estava sem suas partes. Não mais se reconhecia em seu próprio corpo e sentia a alma repicada. Sofia estava vazia.
Pensou que talvez fosse aquele homem, cujos danos causados a seu psicológico e emocional superam a maior das crueldades. Concluiu por fim que fora mesmo aquele homem, e infelizmente, por concluir, percebera também que ele ainda a habitava. O que era bom: ela não estava vazia. O que era ruim: ela necessitava, definitivamente, tirá-lo de dentro de si.

Um comentário:

subliterato disse...

bonito e triste.. e será mesmo eterna a insatisfação?