quinta-feira, 19 de março de 2009

Sobre as doenças pós-carnaval & a ditadura da felicidade

Vivemos numa província: fato. Província que, apesar de esquecida não só pelo resto do país como também por si mesma na maior parte do ano, nos 6 dias que consistem o Carvaval ela se torna simplesmente "o estado mais amado do Brasil". Bonito, não? Chegam os turistas, hospedam-se, banham-se em nossas praias, comem nossos acarajés, pulam frenética e ininterruptamente nosso (?) Carnaval, sujam nossas ruas, consomem nossa energia, nossa água, nossa internet, nosso telefone... E vão embora. Felizes da vida. Eis que eles vão, mas não se vão por completo. Deixam lembranças: doenças. Vírus. Bactérias. E nós, sortudos, que moramos nesse império da alegria, contraímos seus "presentes".
Mas não, não se enganem: a culpa não é do turista. Culpa, não. Melhor dizendo: responsabilidade. Pois então, a responsabilidade não é deles. É dos "amigos" que administram este estado mais amado do Brasil. Então, cadê a capacidade de suportar tanta gente, hein? Cadê a nossa infra-estrutura? Cadê o planejamento não-realizado da cidade? E por fim, onde está a estrutura que intrinsecamente pede saúde pública de qualidade, responsável por toda a nossa população afetada? Simplesmente é quase inexistente.
Das epidemias, portanto, surge um problema mais grave: a morte. Morte não por sina, não por acidente: morte por falha administrativa. Morte porque, desde os tempos coloniais, impera-se neste Brasil, e, por razões óbvias, particularmente na Bahia, uma ditadura burra. Uma ditadura que prega a felicidade. A felicidade falsa: a felicidade que aliena, que ignora, que mata, que exclui.

Um comentário:

Antônio disse...

Salvador ainda pagará caro pela falta de planejamento urbano,ou melhor, as classes mais abastadas. Estamos circudeiandos por periferais, que não tem o mínimo de desenvolvimento e muito menos condições dignas de habitação.
Tais locais detém uma população gigatesca e , de acordo com um Professor meu, para cada pessoa que nasce na zona nobre, nascem seis por lá...
O Rio de Janeiro será aqui(se não chegarmos a um nível pior.)
Infelizmente, pagaremos pela incompetências dos João Henriques e Acms da vida...